COTIDIANO E ECONOMIA COLONIAL


COTIDIANO E ECONOMIA COLONIAL
Texto para as questões (1 e 2)
A casa-grande, residência do senhor de engenho, é uma vasta e sólida mansão térrea ou em sobrado; distingue-se pelo seu estilo arquitetônico sóbrio, mas imponente, que ainda hoje empresta majestade à paisagem rural, nas velhas fazendas de açúcar que a preservaram. Constituía o centro de irradiação de toda a atividade econômica e social da propriedade. A casa-grande completava-se com a capela, onde se realizavam os ofícios e as cerimônias religiosas […]. Próximo se erguia a senzala, habitação dos escravos, os quais, nos grandes engenhos, podiam alcançar algumas centenas de “peças”. Pouco além serpenteava o rio, traçando através da floresta uma via de comunicação vital. O rio e o mar se mantiveram, no período colonial, como elementos constantes de preferência para a escolha da situação da grande lavoura. Ambos constituíam as artérias vivificantes: por meio delas o engenho fazia escoar suas safras de açúcar e, por elas, singravam os barcos que conduziam as toras de madeira abatidas na floresta, que alimentavam as fornalhas do engenho, ou a variedade e a multiplicidade de gêneros e artigos manufaturados que o engenho adquiria alhures […].
(Alice Canabrava apud Déa Ribeiro Fenelon (org.). 50 textos de história do Brasil,1986.) 39. (Unesp 2015)
1 - Quanto à relação do engenho colonial com as áreas externas a ele, o texto:
a) revela o papel decisivo que a Igreja Católica desempenhou no impedimento da escravização das populações indígenas.
b) defende a ideia de que a colonização portuguesa no Brasil, no lugar de explorar as riquezas naturais, privilegiou a ocupação do território.
c) caracteriza sua preocupação ambiental, demonstrando o respeito dos administradores às matas e aos rios que compunham a paisagem rural.
d) identifica articulações entre as atividades internas e a dinâmica de circulação de mercadorias dentro e fora dos limites da colônia.

2 - Quanto à organização da vida e do trabalho no engenho colonial, o texto:
a) destaca a ausência de quaisquer relações de trabalho e de amizade dos senhores com os seus escravos.
b) demonstra a distribuição espacial das construções e seu papel no funcionamento e na lógica do poder dentro do engenho.
c) enfatiza a predominância do trabalho compulsório e os lucros obtidos na comercialização de escravos de origem africana.
d) denuncia o descaso dos senhores de engenho com a escolha da localização para a instalação do engenho.

3 - “Em um engenho sois imitadores de Cristo crucificado porque padeceis em um modo muito semelhante o que o mesmo Senhor padeceu na sua cruz e em toda a sua paixão. A sua cruz foi composta de dois madeiros, e a vossa em um engenho é de três. Também ali não faltaram as canas, porque duas vezes entraram na Paixão: uma vez servindo para o cetro de escárnio, e outra vez para a esponja em que lhe deram o fel. A Paixão de Cristo parte foi de noite sem dormir, parte foi de dia sem descansar, e tais são as vossas noites e os vossos dias. Cristo despido, e vós despidos; Cristo sem comer, e vós famintos; Cristo em tudo maltratado, e vós maltratados em tudo. Os ferros, as prisões, os açoites, as chagas, os nomes afrontosos, de tudo isto se compõe a vossa imitação, que, se for acompanhada de paciência, também terá merecimento de martírio.”
VIEIRA, A. Sermões. Tomo XI. Porto: Lello & Irmão, 1951 (adaptado).
O trecho do sermão do Padre Antônio Vieira estabelece uma relação entre a Paixão de Cristo e
a) a atividade dos comerciantes de açúcar nos portos brasileiros.
b) a função dos mestres de açúcar durante a safra de cana.
c) o sofrimento dos jesuítas na conversão dos ameríndios.
d) o trabalho dos escravos na produção de açúcar.


4 -  A colonização, apesar de toda violência e disfunção, não excluiu processos de reconstrução e recriação cultural conduzidos pelos povos indígenas. É um erro comum crer que a história da conquista representa, para os índios, uma sucessão linear de perdas em vidas, terras e instintividade cultural. A cultura xinguana – que aparecerá para a nação brasileira nos anos 1940 como símbolo de uma tradição estática, original e intocada – é, ao inverso, o resultado de uma história de contatos e mudanças, que tem início no século X d.C. e continua até hoje.
FAUSTO Carlos. Os índios antes do Brasil. Rio de Janeiro: Zahar, 2005.
Com base no trecho acima, é correto afirmar que
a) o processo colonizador europeu não foi violento como se costuma afirmar, já que ele preservou e até mesmo valorizou várias culturas indígenas.
b) várias culturas indígenas resistiram e sobreviveram, mesmo com alterações, ao processo colonizador europeu, como a xinguana.
c) a cultura indígena, extinta graças ao processo colonizador europeu, foi recriada de modo mitológico no Brasil dos anos 1940.
d) a cultura xinguana, ao contrário de outras culturas indígenas, não foi afetada pelo processo colonizador europeu.
e) não há relação direta entre, de um lado, o processo colonizador europeu e, de outro, a mortalidade indígena e a perda de sua identidade cultural.
5 - Seiscentas peças barganhei
– Que pechincha – no Senegal
A carne é rija, os músculos de aço,
Boa liga do melhor metal.
Em troca dei só aguardente,
Contas, latão – um peso morto!
Eu ganho oitocentos por cento
Se a metade chegar ao porto.
Fonte: Heinrich Heine, apud Alfredo Bosi. Dialética da colonização: São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

Assinale a alternativa CORRETA.
a) Com o verso “Boa liga do melhor metal”, o autor está elogiando a qualidade dos metais preciosos encontrados no Senegal, colônia que Portugal estava explorando.
b) Os versos do poeta referem-se a uma atividade do tempo do Brasil colônia, relacionada à origem da mão de obra utilizada na produção de açúcar nos engenhos ali instalados.
c) Do trecho do poema se conclui que o tráfico negreiro era uma atividade que não recompensava economicamente aos traficantes, pois só a metade da carga chegava em condições ao porto de destino.
d) O poema não se refere à colonização portuguesa no Brasil, porque a mão de obra escravizada foi só do índio, portanto, não havia transporte de longa distância em navios.
e) O Estado português e a Igreja Católica foram radicalmente contra a escravização dos africanos, combatendo o tráfico de pessoas em qualquer parte do mundo.

6 - Com relação à economia da cana-de-açúcar e da pecuária no Nordeste durante o período colonial, é correto afirmar que:
a) por serem as duas atividades essenciais e complementares, portanto as mais permanentes, foram as que mais usaram escravos.
b) a primeira, tecnologicamente mais complexa, recorria à escravidão, e a segunda, tecnologicamente mais simples, ao trabalho livre.
c) a técnica era rudimentar em ambas, na agricultura por causa da escravidão, e na criação de animais para atender o mercado interno.
d) tanto em uma quanto em outra, desenvolveram-se formas mistas e sofisticadas de trabalho livre e de trabalho compulsório.
e) por serem diferentes e independentes uma da outra, não se pode estabelecer qualquer tentativa de comparação entre ambas.

A imagem abaixo é do holandês Frans Post, que pintou diversas imagens do Brasil, dentre elas os engenhos de açúcar.

Fábrica de açúcar e plantação do Engenho Real, de Frans Post (1612-1680
)
Os engenhos constituíam verdadeiras fábricas, realizando todas as fases do processo de produção do açúcar em suas próprias instalações. Dentre as alternativas abaixo, qual indica uma informação incorreta sobre os engenhos de açúcar?
a) Após a colheita, a cana-de-açúcar era levada à moenda para sofrer o esmagamento de seu caule e a extração da garapa.
b) Em terras coloniais era produzido apenas um tipo de açúcar: o mascavo, de coloração escura. O açúcar branco era refinado na Europa, em virtude de ser direcionado aos consumidores desse continente.
c) As moendas funcionavam com o uso da tração animal, o trapiche, pois os gastos exigidos para a sua construção eram menores.
d) Os engenhos não estavam disponíveis em toda e qualquer propriedade que plantava cana-de-açúcar. Os fazendeiros que não possuíam um engenho eram geralmente conhecidos como lavradores de cana.
e) Além dessas unidades produtivas, um engenho também contava com construções utilizadas para o abrigo da população que ali vivia, como a Casa-grande e a Senzala.
7 - Se o açúcar do Brasil o tem dado a conhecer a todos os reinos e províncias da Europa, o tabaco o tem feito muito afamado em todas as quatro partes do mundo, em as quais hoje tanto se deseja e com tantas diligências e por qualquer via se procura. Há pouco mais de cem anos que esta folha se começou a plantar e beneficiar na Bahia […] e, desta sorte, uma folha antes desprezada e quase desconhecida tem dado e dá atualmente grandes cabedais aos moradores do Brasil e incríveis emolumentos aos Erários dos príncipes.
ANTONIL André João. Cultura e opulência do Brasil por suas drogas e minas. São Paulo: EDUSP, 2007. Adaptado.
O texto acima, escrito por um padre italiano em 1711, revela que
a) o ciclo econômico do tabaco, que foi anterior ao do ouro, sucedeu o da cana-de-açúcar.
b) todo o rendimento do tabaco, a exemplo do que ocorria com outros produtos, era direcionado à metrópole.
c) não se pode exagerar quanto à lucratividade propiciada pela cana-de-açúcar, já que a do tabaco, desde seu início, era maior.
d) os europeus, naquele ano, já conheciam plenamente o potencial econômico de suas colônias americanas.
e) a economia colonial foi marcada pela simultaneidade de produtos, cuja lucratividade se relacionava com sua inserção em mercados internacionais.
2. (G1 – ifsc 2015) O Brasil colonial não nasceu do açúcar, mas do pau-brasil. Foi a famosa madeira, da qual se extrai um corante, que primeiro deu motivos aos portugueses para se estabelecer e explorar a terra a que tinham chegado em 1500. Porém, foi a introdução da cana-de-açúcar e a dos engenhos, com sua tecnologia para a produção de açúcar, as verdadeiras responsáveis por transformar a colônia três décadas depois desse primeiro contato. O açúcar foi a madrasta da colonização, que por quase dois séculos regeu a história econômica, social e política do Brasil. E, em algumas regiões, continua a dominar.
Fonte: SCHWARTZ, Stuart B. Doce Lucro. Revista de História. n. 94, jul. 2013. Disponível em:
http://www.revistadehistoria.com.br/secao/capa/doce-lucro. Acesso: 13 ago. 2014.

Durante grande parte do período colonial brasileiro, o açúcar foi o principal produto de exportação da colônia. Sobre a produção de açúcar no Brasil, leia e analise as seguintes afirmações:
I. A cana-de-açúcar era plantada em latifúndios, estrutura fundiária ainda presente no Brasil.
II. A principal região produtora de açúcar no Brasil é a Sul.
III. A produção de açúcar foi uma das responsáveis pela desigualdade social no Brasil colonial, pois utilizava mão de obra escrava.
IV. Da cana-de-açúcar, além do açúcar, pode-se produzir combustível e aguardente.
Assinale a alternativa CORRETA.
a) Apenas as afirmações I e II são verdadeiras.
b) Apenas as afirmações I e IV são verdadeiras.
c) Apenas as afirmações II, III e IV são verdadeiras.
d) Apenas as afirmações I, III e IV são verdadeiras.
e) Todas as afirmações são verdadeiras.
16. (G1 – ifsc 2015) O maior período classificado na história do Brasil é o colonial, também conhecido como América Portuguesa, oficialmente entre 1500 e 1822. Sobre a economia desse período, é CORRETO afirmar que:
a) A escravidão indígena foi utilizada apenas na extração de minérios, pois já tinham conhecimento dos locais onde existiam ouro e diamantes, assim como o melhor processo de extração.
b) A extração de pau-brasil foi a primeira economia em território brasileiro, de extrema importância para a colonização portuguesa durando todo o período colonial através da plantação e extração.
c) Divisões de classe eram destacadas diretamente pela economia do período, existindo apenas escravos e senhores, que eram donos de engenho ou de minas.
d) A cana-de-açúcar foi uma das principais economias desse período. As construções de engenhos foram muito importantes para o desenvolvimento do Brasil.
e) Os escravos africanos foram utilizados apenas nos engenhos de cana-de-açúcar. Percebe-se isso com o fim da escravidão, quando essa economia foi se enfraquecendo, em 1888.

Comentários