A relação entre o construto de gênero e a (re) construção de identidades sociais de gênero


Miriam Pillar Grosso diz que para as teóricas estruturalistas o masculino existe em razão do seu oposto, o feminino. E que o processo de que constitui a identidade se dá através do reconhecimento de que existe o idêntico, o diferente, ou seja, não se forja uma identidade se não houver oposição. Para essa corrente o gênero é o corpo biológico e a existência de dois gêneros, o masculino e o feminino não impede a existência de vários modelos de feminino e masculino, hoje com os recursos médicos os corpos podem ser adequados de acordo com a vontade e a identidade.
Tomando a explicação de Tomaz Tadeu da Silva, em “A produção social da identidade e da diferença”, iremos reforçar a idéia de que identidade não existiria se não houvesse a diferença “(...) identidade e diferença estão em uma relação de estreita dependência”.
Grossi explica a atividade como fator decisivo na cultura ocidental para afirmação da masculinidade, que para muitos pode significar penetrar sexualmente o corpo do outro, mesmo que a relação seja homossexual. Atividade também é percebida como agressividade, meninos são agressivos, hiperativos, enquanto que nas meninas  não se percebe esse comportamento, ou não é esperado que seja.
O gênero masculino constitui por meio da separação dos meninos da relação com a mãe, em algumas tribos os meninos geralmente têm que passar por algum tipo de teste para que se tornem adultos. Nesses rituais os meninos têm que ser submetidos a alguma violência corporal que causa medo.
Miriam Pillar Grosssi cita o trabalho de Alice Inês Silva, essa autora mostra a construção do feminino através do ritual de Coroação de Nossa Senhora que até pouco tempo as meninas eram obrigadas a se vestirem de anjos. Outros rituais como o baile de debutante, a ida ao cabeleireiro como complemento do feminino.
Atualmente essa obrigatoriedade, segundo Grossi, são as academias de ginástica, a construção do ser mulher, o corpo fazendo para da constituição da identidade do gênero.
Algumas dessas constituições da identidade de gênero produzem estereótipos do que é ser feminino que é sinônimo de corpo perfeito, estar sempre bonita, de salto alto; e acaba gerando vários preconceitos, principalmente quando junta dois ou mais fatores desencadeantes de discriminação. Se ser mulher já é difícil num mundo masculinizado, ser mulher, negra, de classe social baixa e ainda ter uma relação homoafetiva, com certeza seria alvo de muito preconceito.
Na divisão sexual do trabalho, como diz Grossi, o homem ficou com o público, e a mulher com o privado (a casa, o lar, os filhos). O trabalho fora de casa que deveria ser uma conquista para as mulheres acabou sendo um fardo a mais, pois quando chega em casa tem uma jornada dupla de trabalho, apesar de ajudar nas despesas de casa e sustento da família, a responsabilidade dos serviços domésticos continuaram sob sua responsabilidade.
O papel dos educadores e educadoras na superação de atitudes de discriminação de gênero é de informar, promover meios de reflexão, debates, para que os alunos se conscientizem que o gênero e a formação de identidades são construções sociais que envolvem relação de poder. Como diz Tomaz Tadeu da Silva “(...) educar significa introduzir a cunha da diferença em um mundo que sem ela se limitaria a reproduzir o mesmo e o idêntico, um mundo parado, um mundo morto.”
BIBLIOGRAFIA:
GROSSI, Mirian P. Masculinidades: uma revisão teórica. Antropologia em primeira mão/Programa de Pós Graduação em Antropologia Social: Florianópolis : UFSC , 2004, v. 75. Disponível em: http://www.antropologia.ufsc.br/75.%20grossi.pdf Acesso em 28/01/2011 (disponível no ambiente moodle) .
SILVA, Tomaz Tadeu, A produção social da identidade e da diferença. (disponível no ambiente moodle)


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